De todos os obstáculos à proposta de re-reeleição de Lula, o que mais atemoriza o Planalto é o espelho da América Latina. A frustrada - e recente - tentativa de Hugo Chávez de se manter mais tempo no poder serviu de aviso aos conselheiros mais próximos de Lula. Chávez também confiava em altos índices de popularidade e em uma oposição minoritária. Seu apetite, entretanto, acabou provocando uma reação em massa, liderada principalmente pelos estudantes venezuelanos.
No Brasil, seria necessário muito esforço da sociedade civil para que surgisse um movimento semelhante. Lula tem índices recorde de aprovação entre os pobres, controla os movimentos sociais e desfruta da fidelidade das centrais sindicais. Se mantiver uma aprovação superior a 60%, o que o impedirá de apresentar o terceiro mandato no próximo ano? Fernando Henrique Cardoso também se dizia contra a reeleição e logo acabou encampando a iniciativa. Por mais que seja difícil acreditar na tese petista, o assunto não sai da pauta. E não é um devaneio de um Devanir qualquer. Há gente com consistência política defendendo a permanência de Lula no poder. A ordem, por enquanto, é ter cautela e negar a re-reeleição. Ninguém quer repetir o erro de Chávez.
Mas a estratégia é explorar ao máximo a popularidade de Lula e dar um caráter de aprovação ao governo nas eleições municipais deste ano. Lula quer impor uma derrota fragorosa à oposição, como se fosse um plebiscito do seu governo. É por isso que não pára de falar em vitória e promete eleger seu sucessor, abrindo o caminho para um retorno em 2014. O problema é que Lula não tem um candidato capaz de garantir a vitória em 2010. O perigo reside em perceber que só ele é capaz de unir a esquerda e derrotar a oposição.
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