O sábio político Tancredo Neves nunca conversou a sério por telefone: só pessoalmente. E explicava: “Eu já fui ministro da Justiça”.
Tancredo foi ministro da Justiça em 1954, e já nessa época havia o hábito de espionar conversas telefônicas – tudo muito rudimentar. A tecnologia avançou e hoje se gravam simultaneamente centenas de conversas. Dos equipamentos pendurados no poste, chegou à intimidade das empresas telefônicas. O próprio gerente de Operações Especiais da Oi Fixo, Arthur Madureira de Pinho, informou à CPI dos Grampos que o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, teve suas conversas espionadas. Se bisbilhotam o telefone de ministro do Supremo, quem garante a inviolabilidade, prevista em lei, da conversa de um advogado com seu cliente? Quem garante, caro leitor, a sua própria intimidade?
E, muitas vezes, coisas ilegais têm aparência legal. O pedido é irregular (legalmente, o monitoramento do telefone se faz quando há indícios de crime), mas vem chancelado por um juiz. Que é que pode fazer a empresa telefônica?
O caso já é grave, em si. O pior é que, mesmo no caso de conversas legalmente gravadas, pode-se desrespeitar a lei. Imagine que seus telefones estejam sendo gravados ilegalmente há dois anos. No momento em que se descobre alguma coisa, pede-se uma ordem ao juiz. Como saber que a gravação é posterior à ordem?
Enquanto não se tem uma solução para este caso, voltemos a lembrar Tancredo: “Telefone só serve para marcar encontro. De preferência, no local errado”.
Governo lança o PAC da Propaganda
Por Leandro Mazzini
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República lançou o PAC da Propaganda. Vai destinar R$34 milhões do seu orçamento para contratar uma empresa de relações públicas que cuide da imagem do Brasil no exterior. Quem anunciou isso foi o próprio subchefe executivo da pasta, Ottoni Fernandes Jr, um renomado profissional. Durante encontro com um grupo de parlamentares no Planalto, na semana passada, Ottoni lembrou que o país precisa de uma agência que mostre o Brasil, “sua democracia, a força das instituições brasileiras”. Em outra frente, a Secom vai emplacar uma campanha interna e ferrenha em todas as mídias sobre a importância das obras de transposição do Rio São Francisco. Partiu-se da idéia de que as investidas da atriz Letícia Sabatella, com seu belo rosto e popularidade, e a cara de choro de dom Cappio, o grevista de fome da beira do rio, influenciaram na opinião popular. O recado do Planalto para o povo será claro: com o PAC não se brinca. Que a propaganda seja bem feita. Porque a oposição pode levar o mote ao pé da letra: com o orçamento também não.
Os barbeiros do Brasil por Carlos Etchichury
Respeitar limites de velocidade e não consumir álcool antes de pegar o volante reduziriam as mortes nas rodovias e nos perímetros urbanos, como todos sabem, mas são medidas insuficientes para pôr fim à carnificina nas estradas. Pesquisadores, policiais, agentes de trânsito alertam: além de imprudentes, os motoristas brasileiros abusam da inabilidade ao volante.
A pedido de Zero Hora, dois engenheiros do Laboratório de Sistemas de Transportes da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um capitão da Brigada Militar, um inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um agente da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) identificaram e comentaram as 10 principais barbeiragens cometidas pelos condutores. Leia aqui para conhecer as 10 principais mancadas.
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