Vira e mexe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acorda invocado, sobe num palanque e sai distribuindo pancadas verbais nos adversários. Os alvos mudam pouco. Ora é a oposição, ora o Judiciário ou em alguns casos “as elites”. O que nunca muda é a audiência. Ele desfere os ataques quando está em alguma cerimônia do governo para os brasileiros mais pobres. Aqueles que foram responsáveis por sua reeleição em 2006 e sustentam os altos índices de popularidade do governo. O cenário é importante porque demonstra que esses arroubos são estratégicos e não casuais.
O presidente governa com um olho voltado para a política institucional, feita pelo Congresso e outros partidos, e outro nas ruas. Descobriu durante a crise do mensalão em 2005 que é o apoio dos mais pobres que lhe garante sustentação política. Quando corre o risco de uma derrota na arena institucional, corre para marcar território no terreno eleitoral.
Foi assim no ano passado, quando a oposição derrubou a emenda que prorrogava a CPMF. O presidente subiu o tom do discurso e acusou os adversários de tirar dinheiro do sistema público de saúde para proteger os ricos e os sonegadores. A oposição venceu no Congresso, mas Lula trabalhou para que ela pagasse um preço político por essa vitória.
Agora, o presidente teme que o Supremo Tribunal Federal (STF) entrave o bilionário programa Território da Cidadania. A oposição foi à Justiça com um bom argumento. O programa é centrado nos municípios e este é um ano de eleições municipais. Diante da perspectiva da derrota, o presidente volta à carga. Diz aos pobres que, se o dinheiro não chegar, a culpa será da oposição e do Judiciário.
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