Deputado pede diligência para averiguar prisão de presidente
de sindicato e tratamento desumano a trabalhador de fazenda
A violação de direitos humanos de trabalhadores rurais da
região Sul de Rondônia foi denunciada ontem (30) pelo deputado federal Padre
Ton (PT) na sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), quando o
deputado anunciou o pedido de diligência com a finalidade de “averiguar e
esclarecer as condições e as razões da prisão e da manutenção do
encarceramento” do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais de Chupinguaia e Vilhena, Udo Whalbrink.
Segundo o deputado, Ugo está preso desde o início de março
pela Polícia Civil de Rondônia, sob a acusação de incitar e comandar grupo que
teria invadido a fazenda Dois Pinguins, em Chupinguaia.
“Na mesma ocasião foi
preso um representante do fazendeiro, e ele já foi liberado pelo delegado. O
líder sindical permanece preso, e tudo indica haver por parte da justiça local
dois pesos e duas medidas para o caso”, declarou Padre Ton.
No requerimento em que pede diligência na região Sul de
Rondônia, o deputado diz que há indícios consistentes da existência de conluio
entre fazendeiros locais para intimidar o movimento de luta pela terra.
“Em Chupinguaia, os
proprietários de fazendas são quase todos de fora. Existe empresa dona de
fazenda com 70 mil cabeças de gado, a injustiça agrária persiste e há muito
conflito pela terra”, relatou Padre Ton. “Os trabalhadores lá não confiam mais
na justiça local”.
Para o parlamentar, está claro que autoridades policiais e
judiciárias “estão agindo no interesse dos fazendeiros, intimidando as
lideranças rurais com prisões ilegais e cerceamento do direito à manifestação
pública, forçando os trabalhadores a desistirem da luta pela terra”.
O deputado mencionou outro grave problema, desta vez em
Vilhena. É o caso do trabalhador Hélio Correia de Brito, de 65 anos, que sofreu
tratamento desumano e humilhações no exercício do trabalho de vaqueiro, sem
nunca ter tido carteira assinada.
“A carteira dele
somente foi assinada depois que sofreu grave acidente de trabalho. Com receio
de ser denunciado pela justiça trabalhista, o patrão providenciou a assinatura
da carteira”, diz Padre Ton.
O deputado quer averiguar na justiça do trabalho e em outras
instituições a situação de Hélio Correia, que acionou o fazendeiro Antenor
Duarte do Valle – personagem envolvido no caso Corumbiara – pleiteando
indenização por danos morais, horas extras e verbas rescisórias sem ter obtido
sucesso.
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