A processadora de carnes JBS acertou nesta semana o
arrendamento de quatro frigoríficos, com capacidade de abate total de 3.050
cabeças por dia, junto ao grupo Guaporé Carne, de Mato Grosso. Com o negócio, a
empresa amplia em 10% sua capacidade diária de abate bovino no Brasil,
atualmente estimada em cerca de 30,7 mil cabeças.
Procurada, a processadora declarou que não iria comentar a
informação. Os representantes do Guaporé também foram procurados, mas não
atenderam à reportagem. Os valores da transação ainda são desconhecidos.
As unidades arrendadas estão localizadas nos municípios de
Confresa, Juína, Colíder, todos no norte de Mato Grosso, e em São Miguel do Guaporé,
em Rondônia. Segundo o Valor apurou, as plantas mato-grossenses eram operadas
pelo frigorífico Independência até 2009, quando foram devolvidas aos
controladores do Guaporé. O Independência está em recuperação judicial há dois
anos.
A transação indica uma mudança de postura da JBS. Após um
ano dedicado a "arrumar a casa", cortar custos e integrar as empresas
adquiridas nos anos anteriores, a processadora está definitivamente de volta ao
mercado.
Na semana passada, o presidente da JBS, Wesley Batista,
disse ao Valor que o grupo estaria "aberto a oportunidades" em 2012.
"No ano passado, nossa posição era 'não quero nem ouvir'. Agora mudamos
para 'podemos conversar, mas continuamos focados no nosso negócio'",
afirmou o executivo.
Especulações sobre a movimentação da companhia têm ganhado
força, especialmente após o anúncio oficial da separação e abertura de capital
de sua unidade de lácteos, a Vigor Alimentos, na semana passada.
Atualmente, a JBS opera 11 frigoríficos em Mato Grosso e
mais dois em Rondônia. Com os novos ativos, a companhia passa a ter 39 unidades
de abate no Brasil. Nos seis países em que atua, são 62 plantas, com capacidade
de abate total estimada em 87,2 mil cabeças por dia.
Já o Guaporé Carne, até então o maior frigorífico da região,
fica com apenas uma unidade em Mato Grosso, no município de Pontes e Lacerda,
uma em Rondônia (Extrema) e uma no Pará (Castelo dos Sonhos). Segundo fontes de
Mato Grosso, não havia sinais de que a empresa passava por problemas
financeiros e precisasse arrendar ativos. "O Guaporé tem a fama de só
pagar à vista. Para o pecuarista, isso é um sinal de segurança", afirma
uma delas.
Em contrapartida, o frigorífico sofre com problemas de ordem
trabalhista. Em agosto passado, a Justiça do Trabalho de Mato Grosso determinou
a interdição temporária do setor de embalagens da unidade de Confresa devido à
falta de segurança.
Três meses antes, dois trabalhadores morreram e três ficarem
feridos na unidade de Colíder em um acidente no tanque de resíduos de animais.
No fim do ano passado, o Ministério Público do Trabalho de
Rondônia pediu à Justiça do Trabalho a condenação do frigorífico por dano moral
coletivo, em meio a denúncias de jornadas de trabalho excessivas, adulteração
de registros de ponto e coação dos empregados. Fonte: Valor Econômico
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