quarta-feira, 23 de abril de 2008

Isabella e Cabrini fazem sucesso na TV sensacionalista

Antonio Brasil (*)

Jornalismo adora os excessos e as sensações. Ainda mais quando se trata da cobertura de crimes misteriosos ou denúncias ainda mais misteriosas contra seus próprios profissionais. Sempre foi assim. É da tradição histórica do meio. Os primeiros jornais na França, Inglaterra e EUA, ainda no século XVII, já davam enorme destaque aos assassinatos violentos e macabros. Também buscavam denúncias que destruíssem a reputação ou a credibilidade de colegas “novidadeiros”.

E para isso, valia tudo. Mentiras e verdades se confundiam nos crimes e nas denúncias. Jornalista adora falar mal de tudo. Das pessoas, das instituições, do próprio jornalismo e ainda mais dos... jornalistas. Principalmente, daqueles profissionais que trabalham para os jornais... concorrentes.

Ou seja, adoramos o trágico, e veneramos a autoflagelação. Nenhuma outra indústria ou prática profissional se regozija tanto com o excesso de notícias ruins. Ainda mais, quando essas notícias tratam das nossas ousadias ou mazelas. Tanto faz. Sempre foi assim. O jornalismo não mudou muito. Hoje, em tempos de TV, o problema aumenta de proporção. Intensificaram-se os excessos e aprofundaram-se as sensações.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University.

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