domingo, 27 de abril de 2008

Déjà vu - VALDEMIR CALDAS

Saiu Carlão, entrou Neodi Oliveira, com o seu discurso moralizador. Logo ficou claro que teríamos uma administração repley

O deputado Carlão de Oliveira deixou a Assembléia Legislativa envolto em denúncias de corrupção, que o apearam da presidência da Casa direto para a carceragem da polícia federal.

Mesmo enjaulado, enfrentando todas as adversidades de uma campanha eleitoral, com setores da mídia no seu calcanhar, sem dar-lhe um minuto de trégua, Carlão ainda amealhou mais de onze mil votos. Por pouco não foi reeleito.

Para alguns, no entanto, Carlão foi um gângster. Para a maioria dos servidores da ALE, porém, ele foi, simplesmente, um dos melhores presidentes que já comandou aquela Casa.

E não poderia ser diferente: o prédio da ALE foi completamente reformado, servidores treinados e valorizados, o plano de carreira, cargos e vencimentos em vigor, gratificações setoriais e auxílios alimentação e universitários, devidamente, pagos, além da implantação da escola do legislativo, um marco de sua administração.

Não é à toa que, quando ele saiu da cadeia, servidores interditaram as principais ruas que circundam a ALE para recebê-lo, com direito a chuva de pétalas, saudações, reverências, beijos e abraços.

Saiu Carlão, entrou Neodi Oliveira, com o seu discurso moralizador e o compromisso de retirar a credibilidade do Poder Legislativo do charco. A eleição para a mesa diretora, que o conduziu à presidência, revelou aspectos antes inimagináveis.

Logo ficou claro que teríamos uma administração repley – pelo menos, em termos de escândalos. Não demorou, porém, pipocou o primeiro, com a nomeação de parentes de um graduado diretor, para cargos comissionados.

A imprensa (ou melhor, parte dela) caiu de pau. Cabeças rolaram. Mas aí, o estrago na imagem do presidente já estava feito e o nepotismo, consolidado.

Depois veio o imbróglio ecológico, patrocinado por um deputado, que resolveu contrapor-se à construção de um Shopping Center, na capital, por razões, segundo ele, ambientalistas.

Hoje, a opinião pública rondoniense já sabe os verdadeiros motivos que levaram o parlamentar a encetar desabrida campanha contra o empreendimento, que vai de vento em popa, para desespero dos políticos camicases.

O mesmo não se pode dizer do falso ambientalista, que, além de sair da contenda com a credibilidade bastante chamuscada, ainda foi brindado com uma ação judicial por danos morais, calúnia, injúria e difamação, movida pelo prefeito Roberto Sobrinho, acusado pelo deputado de receber uma propina de R$ 3 milhões de reais para facilitar a vida do grupo Ancar, empresa responsável pela obra.

Há duas semanas, um novo escândalo voltou a estremecer as estruturas do suntuoso prédio da ALE. Trata-se da folha de pagamento paralela 2, na sua versão mais sórdida, carregada, dentre outros ingredientes espúrios, de elevadas doses de cinismo e leviandade.

No meio do ciclone aparecem dois deputados – Maurinho Silva (PSDB) e professor Dantas (PT) -, ambos acusados de embolsarem parte dos salários de assessores. Os parlamentares, claro, juram inocência, mesmo contra todas as evidências.

Lamentavelmente não se tem percebido do presidente Neodi sequer um tênue esforço para retirar a ALE do lodaçal fétido no qual está mergulhada. Pudera. Ele não sabe se preside a Casa ou se cuida do cipoal de multas que lhe tem sido aplicado pelo IBAMA, por eventuais crimes ambientais.

Nenhum comentário: